Loveandpizza.it – Um Romance Em Napoli (Parte 3)
~ O primeiro dia em Nápoles ~
Acordamos cedo no dia seguinte. Pude ver o sol através das persianas e mal podia esperar para tomar café da manhã e sair para passear. Quer dizer, se ainda tivéssemos alguma coisa para comer, depois do banquete que fizemos na noite anterior, né? Só de pensar que a gente teria comido nossa parte fez meu estômago revirar de fome. De banho tomado, aceitei a ideia de que provavelmente teríamos que sair para tomar o café da manhã, mas quando cheguei na cozinha, pulei de alegria e corri de volta para o quarto.
‘Ah, benedetto Gennaro! Lisa, vem! Rápido. Gennaro deixou mais alguns croissants e Nutella! E tem leite na geladeira!
‘Shiu… Carolina, é cedo e as pessoas ainda estão dormindo’, ela entrou na cozinha e foi direto para a geladeira. ‘Uhuuu. Geleia, suco de laranja, iogurte… Cara, esse Gennaro é demais!’
Pegamos um de cada e colocamos em nossos pratos – sim, apenas um de cada, dessa vez – e fomos tomar nosso café da manhã no terraço.
‘Nossa, está congelando aqui, Lisa!’
‘Está… mas pelo menos parece que não vai chover. Olhe para este céu azul.’
‘Lindo, né? Ainda assim acho que a gente deveria comer na cozinha. Vem, vamos entrar.’
Lisa passou Nutella nos dois lados do seu croissant.
‘Mal posso esperar para dar uma volta pelo centro e pela marina. Estou muito ansiosa para conhecer a nossa chefe. Ela parecia adorável no Skype, não parecia?
‘Mmm-humm’, Lisa tinha acabado de dar uma enorme mordida em seu cornetto.
‘E espero que meus alunos sejam legais. Além disso, nunca dei aulas na minha vida! Vai ser mais fácil para você, que já ensina há muito tempo!’
Lisa ainda estava mastigando, fez um sinal para eu esperar e lambeu um pouco de Nutella do canto da boca.
‘Sim, você tem razão sobre ensinar, mas eu não sei falar uma palavra em italiano. Na verdade, só sei dizer cazzo!’
Olhei para ela fingindo reprovação e fiz com as mãos tipo um cone apontando para cima.
‘Ma che cazzo, Lisa!’
‘Cazzo, cazzo’, ela riu. ‘Carolina, eu amo essa palavra.’
Fizemos caretas uma para a outra e caímos na risada.
‘Ok, falando sério agora, quando vamos conhecê-la?’
‘Amanhã, às duas tarde. Logo depois do almoço iremos para a escola, que não fica longe daqui..’
‘Humm…’, terminei de engolir meu leite. ‘Então, isso significa que teremos o dia inteiro para passear?’
‘Esattamente, signorina. Teremos o dia todo. Onde está o nosso guia? Vamos ver aonde queremos ir primeiro.’
(***)
Decidimos ver Nápoles de cima primeiro, assim sendo fomos ao Castelo Sant’Elmo. Andamos por algumas ruas de paralelepípedos pequenas, movimentadas e rumorosas pelo zoom das vespas; passamos pela Piazza Dante e seguimos por mais algumas ruazinhas minúsculas, com motorini e muitas lojinhas. Lojas de roupas, mercearias, sapatarias, peixarias, mais lojas de roupas e mais mercearias. Mulheres andando para todos os lados segurando sacolas de compras, e crianças brincando de bola. Homens sentados nas mesas nas calçadas, tranquilões, tomando café, fumando, conversando alto e, é claro, gesticulando. Não consegui entender uma palavra. Acho que estavam falando napolitano.
Chegamos à estação funicular de Montesanto e depois de uma curta viagem até a parada de Morghen e uma pequena caminhada pelas ruas e calçadas estreitas, estávamos lá. Nunca tinha andado de funicular antes e senti um certo medo. E se aquilo simplesmente quebrasse e deslizássemos trilho abaixo? Todos morreríamos lá. Oh Dio. Mas foi legal e pude observar todos os indivíduos ao meu redor. Alguns se vestiam muito bem; outros deveriam procurar uma consultor de estilo, de verdade.
Subindo a rua, tudo o que podíamos ver à direita era um muro enorme – algo que, para quem nunca via castelos, era, realmente, impressionante. Eu havia lido que este castelo tinha uma forma hexagonal e que as vistas lá de cima eram mesmo de tirar o fôlego. No fim da rua do castelo, havia uma espécie de piazza bem em frente à Certosa di San Martino, que costumava ser um mosteiro para os monges cartuxos, e hoje exibe arte e história napolitana.
‘Ei, vamos lá. Tem um montão de gente ali embaixo tirando fotos. Aposto que a vista é linda.’
Conforme a gente chegava mais perto da piazza, a gente tinha uma vista melhor do lado esquerdo da rua.
‘Que porra é essa?’, perguntei, parando bruscamente.
Lisa deu risada, pois não estava acostumada a me ouvir falar palavrão.
‘Oi! Olha a língua, ragazza!’
Nem dei bola para o seu comentário. Continuava repetindo a mesma coisa em minha cabeça enquanto andava pela rua, meus olhos fixos nele.
Quando cheguei à pequena praça, fiquei encantada, hipnotizada; a cidade espalhada aos nossos pés… ao fundo, estava “Ele”: majestoso, dominando a baía napolitana. Era um dia lindo. O azul do céu contrastava perfeitamente com o marrom e o verde de seus flancos, a neve polvilhava seu cume, como se fosse um Pandoro gigante. O grande monte Vesúvio. O aterrorizante vulcão Vesúvio. Aquele, e nada menos, que destruiu Pompéia e Herculano; aquele que apenas em meus sonhos mais loucos imaginava ver pessoalmente um dia. Uau. Uau. Uau. Foi amor à primeira vista. Naquele momento, olhando para aquela cena poderosa e mágica, fiz uma oração: ‘Por favor, Deus, deixe-me encontrar nessa cidade o que sempre procurei. Por favor. Amém.’
‘Carolina?’
…
‘Oi?’
…
‘Toc, toc.’
Eu vi o rosto de Lisa bem na minha frente.
‘Opa, me desculpe, Lisa. Nossa. Não é surpreendente? Mal posso esperar para ir ao topo. Será que eles deixam turistas ir até à cratera?’
‘Puxa, Carolina. Você não tem medo? Uma coisa é visitar Pompeia. Outra é andar ao redor da cratera… não sei não.’
‘Lisa, se tenho medo ou não, não faz mais diferença, faz? Nós já estamos aqui. Se ele decidir entrar em erupção, a gente já era. Vem. Vamos entrar no castelo. Eu quero ver de cima.’
Nós compramos nossos ingressos e subimos por um elevador.
‘Meu Deus! É ainda mais fascinante daqui. É simplesmente majestoso. Você consegue imaginar todas aquelas pessoas que morreram lá, sem nem mesmo saber o que estava acontecendo? Eu me pergunto como era a vida, e o que eles estariam fazendo quando o vulcão entrou em erupção pela primeira vez. Os casais, tentando proteger uns aos outros e seus filhos… os animais… Todas as pessoas apaixonadas, morrendo nos braços de seu amor… Ai, isso é tão trágico.’
‘Carolina, Carolina…’, Lisa colocou seu braço em volta do meu ombro, ‘você tem uma imaginação tão fértil. Tenho certeza de que escreverá um livro um dia. Quero ser a primeira pessoa a receber um autógrafo, heim? E se, se tornar um sucesso de bilheteria em Hollywood, quero que Luci Liu me interprete e quero ir para a estreia, ok? Você pode providenciar que eu me sente ao lado do Gerard Butler? E se você nunca escrever um livro, mas se apaixonar por um lindo homem napolitano e se casar, posso ser uma de suas damas de honra, por favor?’, ela olhou pra mim com uma cara de pidona.
‘Ei, calma aí, senhorita. Quem disse alguma coisa sobre se apaixonar? Estamos aqui para trabalhar e nos divertir, certo? Já tive romance o bastante por um longo tempo. Agora, vamos encontrar um lugar para comer. Estou morrendo de fome e daria todos os meus sapatos e bolsas por uma pizza Margherita!’
‘Ok. Mas…’, acrescentou Lisa, ‘se o seu livro realmente se tornar um filme e formos ao lançamento, mudei de ideia. Você pode me apresentar ao Daniel Craig…?’
(***)
Você está lendo o meu romance Loveandpizza.it no formato “série”. Ele foi originalmente escrito e publicado em inglês, mas aqui neste site eu o apresento com a tradução de curadoria de Farah Serra. Espero que vocês gostem. E pra você não perder nadinha dessa aventura pela bella città, você pode se cadastrar pra receber um email toda semana quando mais um capítulo for publicado. Além disso, quando você se cadastrar, ganha de presente três marcadores de livros com fotos e frases sobre Nápoles pra imprimir, usar, guardar ou dar de presente. Se cadastre rapidinho clicando na imagem abaixo.
Beijão e inté a semana que vem!
Dani
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