~ O Quartieri Spagnoli ~
Lisa ficou intrigada.
‘Por que ele falaria para a sua chefe sobre você? Não entendo. Que doido. Carolina, acho que ele é um psicopata.’
‘Lisa, pare com isso, por favor. Estou mais preocupada com os corações partidos que ela mencionou. Você pensa que eu deveria investigar?’
‘Sei lá. Como você faria isso? Você o perguntaria se ele já esteve com outra professora antes? Você se lembra que no primeiro dia, ele te perguntou se você estava aqui para ficar por pouco tempo, já que a outra professora tinha ficado apenas um ano? E se é sobre ela que a Gwen estava falando? E se Luca foi o motivo dela ter ido embora?’
‘Sim, até pode ser… mas a questão é, como posso descobrir isso? Será que a Gwen me contaria? Ou eu poderia encontrar uma maneira de fazer com ele mesmo me conte…’
‘Ah, Carolina, não julgo uma boa ideia. A menos que você o deixe super bêbado. Hahaha.’
Eu continuava pensando sobre como eu poderia descobrir sobre a vida amorosa passada de Luca e mais importante… por que a Gwen me alertou para ter cuidado?
Saímos da escola e caminhamos em direção à Via Toledo. Decidimos pegar um catálogo de apartamentos para alugar e almoçar no centro, antes de irmos para as nossas aulas da tarde.
Vimos um montão de apartamentos, tinha vários perto da Alighieri, só que, ou eram horríveis, ou muito perto do porto, ou chiques demais e super caros. Outra possibilidade seria Vomero, mas… deixa para lá. Não tinha a menor chance de pagarmos mil euros por mês. Ainda queríamos conhecer muitos lugares, tínhamos concordado que viajar era a nossa prioridade.
Uma alternativa seria a de morar perto da Piazza Plebiscito. Lá vimos alguns apartamentos pequenos e agradáveis, naquela região eles não eram tão caros e ficaríamos perto de tudo, inclusive do mar. Sim, era lá que queríamos.
Não nos importávamos em dividir um quarto, então um apartamento de um quarto seria o suficiente. Precisávamos de uma área de estar / cozinha, e o apartamento precisava ser mobiliado e ter uma máquina de lavar.
Escolhemos três apartamentos para ver. Um que ficava perto da Riviera de Chiaia, em frente à Vila Comunale. Outro que ficava um pouco mais perto da Alighieri, e o terceiro, a alguns minutos a pé do Funicolar Augusteo, que nos levaria à maioria de nossas aulas e também próximo a Alighieri.
No dia seguinte voltamos para a escola. Carl estava lá esperando por nós. Ele não parecia saber nada sobre o Luca ou, se sabia, foi muito discreto. Ele telefonou para o agente imobiliário e combinamos as três visitas para o sábado de manhã.
Aquele de Chiaia era horrível. Era minúsculo, apenas um cômodo quadrado. Eu me sentiria claustrofóbica se tivesse que morar lá sozinha, imagine dividindo com alguém! Lisa imediatamente disse não. Eu logo em seguida concordei.
O segundo era aquele que ficava perto da Alighieri. Ah, que apartamento gostoso! Nos apaixonamos assim que entramos. Era arejado, tinha grandes janelas, no banheiro, o box tinha aquelas pastilhas quadradinhas que intercalavam o verde-escuro com o verde-claro e luzes. Parecia um lugar incrível para se viver. O supermercado ficava a apenas um quarteirão de distância.
‘É esse, Lisa! É perfeito. Ah, posso imaginar a gente tomando vinho na sexta-feira à noite, assistindo alguma bobeira na TV ou convidando algumas amigas para virem aqui’, eu estava super animada.
‘Eu também. E o preço é bom. Carl, nós gostamos deste.’
‘Meninas, tem apenas um pequeno problema. Estava aqui conversando com o agente e ele está me dizendo que este apartamento só estará disponível para vocês se mudarem no início de março.’
‘Nãooooo’, dissemos em uníssono, totalmente decepcionadas.
‘Sinto muito, meninas. Teremos que tentar a terceira opção.’
Lá fomos nós. Tínhamos gostado tanto daquele que não queríamos ver mais nenhum apartamento. Bem, isso foi até chegarmos à nossa futura rua e ler o cartaz: Quartieri Spagnoli.
‘Bairro Espanhol?’, perguntei ao agente.
‘Sim, signorina. Aqui vocês estarão no centro de tudo. E tem mais. O Quartieri é um dos bairros mais temidos de Nápoles’, ele sorriu presunçosamente.
‘Sério? Por quê?’, Lisa perguntou no mesmo instante. Pude sentir um certo pavor em sua voz.
‘Bem, é aqui que ocorrem muitos negócios relacionados à máfia. Pelo menos é o que falam, enfim.’
‘Máfia?!’, Lisa ofegou.
‘Você quer dizer, a máfia, máfia?’, perguntei, animada.
Ele estava falando sério então.
‘Sim, a máfia, máfia. La Camorra. A máfia napolitana, que se diz ser uma das piores máfias da Itália. Não queira se meter com eles, signorina.’
‘Lisa, você ouviu isso? Eu quero viver aqui.’
‘Carolina, você está maluca? Bairro mais temido? Máfia? Não, espere… a pior máfia da Itália? Você ouviu o que esse cara falou ou você ligou seu dispositivo de escuta seletiva? E se a gente cair no meio de um tiroteio, ou algo assim? Carl, Gwen, coloquem algum juízo de volta na cabeça dessa menina, por favor.’
Gwen riu.
‘Não precisa se preocupar, querida. Não é bem assim. Não acho que vocês estejam planejando dar uma volta pela área dando uma de Sherlock Holmes, estão?’, ele brincou.
‘Por Deus, não.’ Ela então se virou para mim, quase derrotada. ‘Carolina, não sei, não.’
‘Lisa, vamos lá ver primeiro. Talvez a gente nem goste.’
Chegamos ao apartamento. Ele ficava no primeiro andar, era pequeno, mas grande o suficiente para nós. Estava bem decorado e, mais importante, tinha uma máquina de lavar.
‘O proprietário tem uma agência de viagem bem na esquina, na Via Toledo. É um homem mais velho e muito bom com os inquilinos. Além disso, o calçadão beira-mar fica a apenas alguns minutos, no final da rua principal, há um supermercado aqui perto e o funicolar fica a apenas dois quarteirões de distância’, continuou o agente.
‘Qual é Lisa? Não falamos que queríamos uma aventura?’
‘Sim, mas pretendo sair viva para contar sobre ela.’
‘Meninas’, interrompeu Gwen, ‘tivemos outros professores que moraram por aqui e eles nunca tiveram problemas.’
Então Carl perguntou ao agente:
‘Senhor, elas poderiam fazer um contrato de curta duração? Tenho certeza de que elas adorarão aqui e que irão querer estendê-lo.’ Ele nos olhou, com um olhar apaziguador.
‘Um momento, preciso verificar com o dono.’ Ele saiu para ligar para o proprietário.
Gwen, Carl, vocês têm certeza de que ficaremos bem?’, perguntou Lisa.
Gwen respondeu: ‘Por que a gente não volta mais tarde para comer uma pizza aqui embaixo e conhecer o bairro à noite? O que você acha Carl?’
‘Acho uma ótima ideia. É claro que depois levamos vocês para casa’, ele acrescentou.
‘Ah, pessoal, agradecemos imensamente.’
O agente voltou.
‘Boas notícias. O Sr. Aldo concordou com um contrato de curto prazo. Três meses no início e se vocês decidirem renová-lo, ele será renovável a cada seis meses, tá bom assim?’
Lisa e eu olhamos para o Carl e a Gwen, pedindo a opinião deles.
‘Acho justo’, disse Carl.
‘Ótimo. Então, podemos te dar uma resposta na segunda-feira de manhã?’, perguntei. ‘Vamos voltar aqui hoje à noite para ver como é o bairro.’
‘Pode ser. Por mim não tem problema. Aqui está o meu cartão. Ele deu o cartão para o Carl, sem nem me olhar. Humm… Lá vamos nós de novo… Outro homem proprietário. Isso vai ser interessante.
(***)
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Dani
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