Loveandpizza.it – Um romance em Napoli (Parte 10)
(Imagem: “Destruction of Pompeii”, produzido entre 1830-1833. “O Último Dia de Pompéia”, representação de pessoas fugindo da erupção do Monte Vesúvio na Itália em 79 DC. “A imagem é baseada na história do Jovem Plínio sobre a destruição de Pompéia. No lado esquerdo do quadro, o próprio pintor é retratado; ele segura na cabeça uma caixa de pincéis e tintas. Karl Bryullov (1799-1852) viveu e trabalhou em Roma durante alguns anos e é considerado uma figura chave na transição do neoclassicismo russo para o romantismo. Pintura da coleção do Museu Estatal Russo, São Petersburgo, Rússia.)
~ Pompéia ~
Naquele final de semana, fomos para Pompéia. Eu me lembrava de ter estudado sobre essa cidade na escola e estava super empolgada. Lisa e eu assistimos a alguns documentários on-line, apenas para refrescar nossas memórias. Ao contrário de Ercolano, eu esperava por uma cidade muito maior e menos preservada.
Quando saímos do trem da linha Circumvesuviana e descemos em Pompei Scavi, não caminhamos muito. Ao longo da rua, havia alguns cafés e lojas de souvenirs, mas nem nos preocupamos em olhar em volta. Só queríamos entrar. Dessa vez, decidimos fazer o percurso juntas e, depois de pagar metade do preço dos ingressos – nossas adoradas carteirinhas internacionais de professores! – pegamos um audioguia e iniciamos nosso tour.
Pompéia. Como explicar?
Assim que entrei pelos portões da Porta Marina, fiquei impressionada e muito comovida com a beleza do lugar. Seus muros de tijolos maciços contrastam com o verde vivo das árvores e arbustos, e também com as flores cor-de-rosa espalhadas pelas cercas vivas. O local é enorme, como havíamos imaginado, e a enormidade de alguns edifícios nos fez pensar em todas as pessoas ricas que moravam lá. E gente pobre. E escravos. A maioria deles morreu naquele dia de verão, em agosto de 79 d.C.
Conforme subimos a colina, de acordo com o audioguia, chegamos aos portões históricos da cidade. Fiquei arrepiada só de pensar que andaria exatamente nas mesmas ruas que o último povo originário de Pompéia andou a quase dois mil anos atrás.
“Lisa, você está pronta?”, perguntei, percebendo que de repente ela ficou muda.
“Carolina, estou tão encantada que preciso me lembrar de respirar.”
Inspirei fundo e expirei.
“Então somos duas. Vem, vamos mergulhar na história!”
Apertamos o botão do play.
“Pompéia é uma antiga cidade portuária romana de 160 acres. Vinte mil residentes a habitavam, até ser destruída pelo vulcão Vesúvio. O Monte Vesúvio entrou em erupção dezenas de vezes nos últimos dois mil anos, mas, em 24 de agosto de 79 d.C., explodiu com uma das erupções mais mortais de todos os tempos. Primeiro, lançou uma grande nuvem de detritos na atmosfera a mais de dezenove quilômetros de altura (mais do que o dobro do tamanho do Monte Everest) e então cobriu tudo com um amontoado de quase cinco metros de profundidade de cinzas vulcânicas. Depois, uma combinação ardente de pedra-pomes e cinzas, tão quente quanto 704°C, desceu a montanha a cento e dez quilômetros por hora, destruindo tudo em seu caminho. A erupção durou vinte e quatro horas. Mais de duas mil pessoas morreram. A devastação cobriu cerca de quinhentos quilômetros quadrados. Pompéia foi literalmente apagada do mapa. Os detritos vulcânicos transformaram a terra em uma cápsula do tempo, preservando a cidade exatamente como era em 79 d.C. A forma das vítimas foi capturada no momento final de suas vidas. Edifícios, arte, artefatos e corpos, hoje, nos fornecem um registro da vida cotidiana na civilização antiga. Cerca de um terço da cidade ainda está enterrada. Atualmente é uma das atrações turísticas mais populares da Itália. Especialistas acreditam que outra erupção devastadora do Vesúvio é iminente. Quando entrará em erupção novamente?”
“Carolina, você ouviu isso?”
“Sim. É assustador. Eu sabia que o Vesúvio é apenas um vulcão “adormecido”, mas não tinha ideia de que outra erupção pudesse acontecer a qualquer momento. Espero que não aconteça agora, enquanto estamos por aqui. Ou, se acontecer, espero que, pelo menos, a gente esteja a uma distância segura, como aquele sujeito Plínio do documentário que vimos ontem. Lembra, aquele cara que escreveu sobre a erupção enquanto ela acontecia?”
“Sim, me lembro. Só não tenho tanta certeza de querer estar perto quando isso acontecer de novo.”
“Bem, eu não iria me importar. Mas longe, de onde não me atingisse, para que eu pudesse escrever uma linda história de amor”, sonhei acordada, como sempre.
Lisa riu.
“Carolina, Carolina, estou te falando. Um dia, eu vou andar no tapete vermelho com você. E você vai me apresentar o Bradley Cooper “, ela me olhou, abriu um sorriso enorme, agarrou meu braço e seguimos andando.
(***)
Na segunda-feira estava me sentindo ótima. A viagem para Pompéia foi incrível e, apesar de não termos ido ao Vesúvio como planejamos – ficamos destruídas após aquele passeio pelas ruínas – Lisa e eu realmente gostamos. Mais uma vez, minha cabeça estava cheia de histórias de amor proibido e tragédias vulcânicas. Outra coisa que pairava em minha mente era Luca. Eu me perguntei se ele iria à aula e como me trataria depois daquele meio beijo roubado – mas dolorosamente delicioso – no café, quase duas semanas atrás.
Ele chegou mais cedo e sorrateiramente. Eu lia minhas anotações, quando o notei no meio da sala. Ele se aproximou, sorrindo.
“Ciao, professora”, disse andando para trás de mim, apertando meus ombros e me beijando na bochecha.
Pulei da cadeira.
“Luca, o que você está fazendo? Você quer que a gente perca nossos empregos?”, fiquei furiosa.
Ele deu risada, jogou o livro sobre a mesa, se sentou ao meu lado e todo petulante disse: “Ah, quem se importa? Contanto que eu possa ter essa mulher linda ao meu lado, para deixar todo mundo com ciúmes… Além do mais, eu não deixaria que te despedissem, professora. Não se preocupe.”
“Luca, eu queria falar com você. Sobre aquele dia, no café…”
“Ok, ok. Já entendi. Você não gostou. Você me pediu para não fazer isso de novo, então não o farei, ok? Você tem a minha palavra, ele levantou a mão como um escoteiro.
“Luca, é sobre isso que queria falar com você. Aquele dia… está tudo bem.”
“O quê? O que você quer dizer? Você gostou?”
Ele ficou tão agitado que eu mal consegui falar.
“Luca, você pode me ouvir um minuto, por favor? Você quer ir a algum lugar depois da aula? Podemos almoçar em algum lugar. Ou você vai encontrar a Carla?” Tentei parecer espontânea.
“Encontrar a Carla? Por quê?”
“Não sei, na segunda-feira passada ela passou aqui te procurando. Disse que vocês tinham combinado de ir almoçar juntos.”
“Segunda passada? Aquela girl é maluca.”, zombou. “Ela sabia que eu não estava aqui. Viajei a semana toda.”
Ele parou e me olhou, com um brilho nos olhos.
“Espere um pouco… Você está com ciúmes, teacher?”
“O quê? Não seja ridículo, Luca. Ciúmes do quê?”
“Certo. Sem ciúmes. Ok, então o que você estava dizendo? Que você quer almoçar comigo hoje?”
“Good morrrrning, teacherrrr.”
Era Dario. E depois dele chegaram a Giulia e a Federica. Olhei para o Luca como se estivesse dizendo “Agora, você se comporta” e comecei a aula. Luca ficava me olhando e sorrindo. Argh, qualquer um seria capaz de perceber que tinha algo rolando. Droga.
A aula terminou e o Luca ficou por último. Estávamos conversando sobre um lugar para almoçar quando a Carla entrou. Ela me ignorou completamente.
“Oi Luca. Como foi em Mônaco?”
“Tudo bem. Embora eu quisesse ter tido mais tempo para passear. Foi reunião após reunião”, respondeu enquanto rabiscava em um pedaço de papel, sem nem olhar para ela.
“Afff. Que chatice. Que tal irmos almoçar, assim você pode me contar tudo?” Ela o convidou.
“Ah, desculpa Carla, mas hoje não posso. Tenho um almoço com um cliente muito importante e depois tenho algumas visitas à tarde”, ele mentiu.
“Almoço? Mas não tem nada marcado na sua agenda.”
Ela tem acesso à agenda dele???
“Eu sei. É esse novo cliente de Mônaco. Ele me ligou ontem à noite dizendo que ficaria aqui por alguns dias, então vamos nos encontrar para almoçar. Bom, preciso ir agora. Vejo você amanhã.””
Ele se levantou. “Tchau professora, te vejo amanhã.”
“Tchau, Luca.”
Luca saiu e a Carla foi atrás. Foi então que notei um pedaço de papel embaixo do meu livro:
(***)
DICAS SOBRE POMPEIA:
- Filme da semana
- Vídeo em Pompéia no Descubra Comigo, do José Jr, também colunista aqui no Portal
- Um dia em Pompéia (animação em inglês)
(***)
Você está lendo o meu romance Loveandpizza.it no formato “série”. Ele foi originalmente escrito e publicado em inglês, mas aqui neste site eu o apresento com a tradução de curadoria de Farah Serra. Espero que vocês gostem. E pra você não perder nadinha dessa aventura pela bella città, você pode se cadastrar pra receber um email toda semana quando mais um capítulo for publicado. Além disso, quando você se cadastrar, ganha de presente três marcadores de livros com fotos e frases sobre Nápoles pra imprimir, usar, guardar ou dar de presente. Se cadastre rapidinho clicando na imagem abaixo.
Beijão e inté a semana que vem!
Dani
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