Loveandpizza.it – Um Romance Em Napoli (Apresentação E Parte 1)
Apresentação
Quando a Daniela me contou pela primeira vez sobre o enredo desse livro, eu pensei: essa é a aventura dos meus sonhos… Essa personagem tem a ousadia que eu gostaria de ter!
Por isso, foi um privilégio me deliciar com a linda estória de Carolina. Mergulhei no universo misterioso do Monte Vesuvio, tive um final de semana memorável na Ilha de Capri, dei boas risadas com os comentários hilários de Lisa, apreciei o por-do-sol em ótima companhia… Mas é preciso que você saiba: essa leitura causa efeitos colaterais.
Comigo, o efeito colateral mais rápido foi a busca desesperada por música italiana para acompanhar minha leitura, que teve seu ápice quando me peguei interrompendo tudo para procurar “Who the hell is Umberto Tozzi?”. O que se seguiu ao longo dos capítulos foi começar a agradecer tudo em casa com “grazie mille”, o que também culminou em uma pesquisa, daquelas meio descompromissadas, por um curso de italiano. Também lembrei o marido sobre nosso plano adormecido de pesquisar sobre nossos antepassados italianos. Precisei fazer uma pausa nas minhas pesquisas para ir à cozinha preparar um cappuccino – mesmo não sendo hora do café da manhã. Quem se importa? Fabri não estava vendo, mesmo…
O efeito colateral mais intenso – e que complicou minha dieta – foi pedir pizza, obviamente. Isso porque eu não tinha ingredientes para preparar a minha própria, pois tudo o que eu mais queria era, literalmente, colocar a mão na massa. A vida depois de uma pizza Marguerita fica bem melhor, confie em mim!
Mas sabe qual o efeito colateral mais importante? É ao final da leitura, perceber que há pouco de Carolina em cada um de nós… Nos identificarmos com essa personagem que fez algumas besteiras, sentiu tanto medo, fez coisas inacreditavelmente contraditórias e acima de qualquer coisa, tentava ser feliz… Como qualquer uma de nós, meninas.
Sim, você irá pedir pizza, perder a parada do metrô em meio às doces palavras do Fabri, irá buscar cursos de italiano, começará a procurar uma promoção de passagens aéreas para Napoli, desejará cappuccinos em horas impróprias… Porque a escrita delicada, cativante e bem humorada de Daniela nos faz sonhar.
Fico muito feliz que você esteja prestes a embarcar nessa jornada também. Loveandpizza.it irá encantar você e o final da leitura irá deixar um gostinho de quero mais.
Buona lettura!
Camila Franco
~ Nápoles, setembro de 2009 ~
Carolina carrega sua bagagem pelo desembarque, saindo do aeroporto de Capodichino respira o ar abafado de setembro. Ah! Como sentia falta disso! Ela nem nota os táxis estacionados bem a sua frente; ouve uma discussão entre um turista e um taxista. “É melhor você falar bem esse idioma, signore, ou seu bolso sofrerá no final da corrida”, pensa com um sorriso no rosto. Ela aprendeu bem a lição: nunca entre em um táxi nessa cidade sem combinar o valor primeiro. Carolina não precisa de táxi. É como se Nápoles fosse sua casa; ela sabe exatamente aonde ir. Como não tem muita bagagem, apenas uma mala de mão, caminha em direção ao ponto de ônibus e não demora muito para o Alibus chegar. Mesmo se sentindo completamente à vontade, sente um pouco de medo. Esse sentimento faz com que seu coração dispare e com que se pergunte por que deixou esse lugar. ‘Ótimo. Estaremos lá em cerca de trinta minutos; momento perfeito para a entrada antecipada do hotel e para uma caminhada pelo Quartieri. Estou morrendo de fome, mas teremos que esperar um pouco mais pela melhor pizza do mundo…’ Ultimamente, anda falando sozinha. No início, tentou não o fazer, tinha receio do que as pessoas pensariam, mas agora não se importa mais. Ela está tão feliz que poderia correr pela Piazza del Plebiscito peladona, gritando. “Bem, isso não é verdade, mas você entendeu, né?” Se ao menos imaginasse, um ano atrás, o que esse lugar incrível lhe reservaria…
~ São Paulo, 18 de junho de 2008 ~
Cara Carolina (sim, você chegou ao ponto de escrever uma carta para si mesma!), Você acabou de descobrir que foi traída. E foi deixada. Às vésperas dos seus exames finais! (Aquele vagabundo sem-vergonha que você costumava chamar de namorado!) Você está arrasada, com o coração partido, provavelmente vai se empanturrar de pizza, chocolate e sorvete chique (sim, comida, porque para piorar as coisas, nem bebida alcoólica você bebe!) Você vai chorar muito, até que sua cabeça pareça estar prestes a explodir e não consiga mais respirar. Você vai xingar Jean (esse é o idiota do namorado que acabou de te trair, caso não se lembre do seu nome quando ler esta carta – uma prova de que você pode se esquecer dos trastes), e você vai se injuriar (como pôde ser tão estúpida e não ver que isso aconteceria?). Você vai escrever cartas horríveis que nunca vai enviar a ele e vai queimar ou jogar todas no rio (ou simplesmente na privada e dar descarga). Você vai se sentir como se quisesse morrer e como se pudesse matar uma ‘certa pessoa’ (não vai fazer, obviamente, mas na sua cabeça já está encontrando maneiras de torturá-lo e fazê-lo sofrer tanto que deseje morrer). Às vezes, você vai dizer a si mesma que nunca mais vai se apaixonar em toda a sua vida. Em outras ocasiões, você só vai querer sair e beijar o primeiro (e o segundo, e o terceiro e, por que não diabos, o quarto e quinto) cara gostoso que te disser um simples ‘oi’. Não acho que realmente vai fazer isso, mas saiba que se fizer, tudo bem. Está tudo bem. Uma coisa que posso te dizer sobre tudo isso, é: VAI PASSAR. Tudo vai passar e você vai se sentir melhor com o tempo – afinal, ‘o tempo cura’, não é o que as pessoas dizem? Você também vai se curar. No entanto, isso é a coisa mais importante para se lembrar: você vai amar de novo, ok? Sei o que está pensando agora (É claro que sim! Sou você, escrevendo para mim mesma! Ahn? Deixa para lá. Isso não importa. Continuando.). Sei o que está pensando agora: que nunca mais vai se apaixonar. Haha. Sim, tenho que rir. Pobre você, sem chance. Sei que vai. Afinal, você é Carolina Lombardi e ‘Romântica Irremediável’ é o seu nome do meio! Seja boa consigo mesma. Faça algo (ou muitas coisas) agradável para si mesma. Não deixe que a sua vida seja moldada para você. Abrace sua vida de solteira, afinal, você ficou com o Jean por 4 anos! (Caramba! Como vou me lembrar de como se paquera?) Você acabou de se formar e tem toda a vida pela frente. Abrace o mundo. O mundo é seu! (Por que não um pouco de clichê?) Voe! Voe pequena! (Ok, esta carta está ficando realmente ridícula agora.) É isso, Carolina. É tudo que tenho para lhe dizer. Então, quando ler esta carta novamente, digamos, daqui a dez anos, você vai rir lembrando de tudo isso e de como estava magoada quando a escreveu. Então, você vai saber que eu (ou você?) estava certa. Merdas acontecem. O tempo cura. Você se apaixonou de novo. 😉 Com amor, de mim (você mesma), Carolina Lombardi.
~ Campos do Jordão, setembro de 2008 ~
Lisa e eu estávamos em Baden Baden, um bar popular no centro da cidade, que produz sua própria cerveja. Lisa tinha decidido experimentar uma cerveja com chocolate (eca!) e eu estava feliz com minha Coca-Cola.
Como sempre, a gente conversava sobre a vida, carreira e amor. Além disso, como era comum naqueles dias, eu estava chorando por causa daquele estúpido Jean.
‘Lisa, você deve estar cansada de me ouvir falando isso, né? Eu estou, e na maioria das vezes que falo sobre ele, nem eu mesma me escuto!’
‘Ei, não se preocupe. Quantas vezes eu não chorei em seus ombros, hein? Eu herdei você da Clara, lembra, então você está sob minha responsabilidade agora.’ Ela sorriu e tomou um gole da sua cerveja de chocolate. ‘Ai credo! Eu acho que chocolate deveria ficar como é. Definitivamente, não na cerveja.’
Ri e chamei o garçom, sabendo que ela pediria uma taça de vinho tinto. Sim, Lisa estava certa. Ela e minha irmã mais velha, Clara, eram melhores amigas, e a gente meio que se ‘herdou’ como amigas quando Clara se casou e se mudou para o Reino Unido com o marido galês. Desde então, nos tornamos inseparáveis.
‘Então, como eu estava dizendo’, continuou ela, ‘não se preocupe. Prometo que não vou ficar entediada. E, se ficar, direi para você falar sobre outra coisa ou calar a boca.’
‘Ah! Isso eu tenho certeza que vai. Posso falar sobre outras coisas, sabe? Por exemplo, estou tão cansada de fazer as mesmas coisas. Estou tão acostumada com o ordinário em minha vida… É como se eu tivesse renunciado a um mundo inteiro de emoção e aventura, apenas porque tudo o que eu tenho agora é tudo o que sempre tive, conheci, vivi, acreditei, já realizei!’
‘Uau, menina! Você está inspirada. E está falando como uma filósofa’, riu.
‘Lisa, eu não estou brincando! Você já sentiu como se sua vida fosse ser sempre a mesma para sempre? Minhas perspectivas futuras no momento são: continuar trabalhando, provavelmente ter três empregos diferentes, frequentar sempre os mesmos lugares com as mesmas pessoas nos fins de semana, – quando não estiver muito cansada, claro – rir das mesmas piadas, beijar sempre os caras da mesma laia, só para perceber no dia seguinte que ele também era um erro. Lisa, estou com muito medo disso!’
‘Eu sei, querida, já passei por isso. E é por isso mesmo que só depois dos trinta anos eu me estabeleci aqui no Brasil.’
‘Então, qual seria a sua solução para mim?’, perguntei, impaciente. ‘Largar tudo e fugir do país? Sem mencionar matar meus pais de desilusão?’
‘Ah! Carolina… você é tão dramática! Claro que não. A gente precisa de um plano.’
‘Ai ai ai… Lá vamos nós mais uma vez. Você e seus planos mirabolantes.’ Alguém entra no bar e rouba minha atenção.
Lisa continuou.
‘Escuta, você está fazendo aulas de italiano, não está?’
‘Sim’, respondi enquanto brincava com um morango no chocolate derretido e olhava para o gato que acabara de chegar,‘mas estou apenas no segundo semestre. Por quê?’
‘Bem, estou procurando emprego no exterior. Sei lá, para mudar um pouco de ares. Estou pensando em começar meu doutorado no ano que vem e gostaria de viajar um pouco antes de me comprometer. Ontem, vi esse anúncio na Internet. É para professores de inglês em Nápoles.’
‘Nápoles? Nápoles na Itália?’
‘Não, Nápoles do Rio de Janeiro. Boba! Claro que é na Itália. Enfim, apliquei para a vaga. Para nós duas.’
‘O quê? Espere um minuto. Você me candidatou? Como? Você nem tem meu currículo!’ O rapaz gato estava com um cara ainda mais fofo, e o garçom lhes mostrou a mesa ao nosso lado.
‘Não, mas você se lembra daquele curso em que você me pediu para eu te matriculasse naquele hospital perto da minha casa?’
‘Sim, me lembro, mas, ainda assim, não foi o meu currículo que lhe enviei por e-mail.’, disse sem olhá-la. Os dois lindos vinham em nossa direção, e o que estava na frente sorriu pra mim.
‘Eu sei, Carolina’. Ela estava ficando impaciente. Atrevida! ‘Mas’, continuou enquanto tomava mais um gole de vinho, ‘não tinha muito o que preencher no formulário de inscrição. Lembrei-me de quando me contou que havia ajudado alguns alunos a fazer o teste de inglês para o mestrado, então coloquei isso lá! Pode até ser que eu tenha exagerado um pouco.’, admitiu dando de ombros.
Quando ela disse isso, revirei os olhos, pensando: ‘E lá vai ela de novo…’ Olhei para o rapaz bonito e sorri de volta com um dos meus maiores sorrisos. Minha boca caiu como a de um palhaço triste quando vi a loira estonteante, que veio de encontro a ele no meio do bar, praticamente pendurando nele.
‘Deixa para lá. Aposto que ele tem chulé’, murmurei.
Voltei minha atenção para Lisa, que prosseguiu:
‘O que você acabou de dizer? Bem, o que seja. Sei que você nunca foi professora antes, mas seu inglês é brilhante. O dinheiro é muito bom, teremos nossos finais de semana livres e estaremos na Europa! Por um ano! O que você acha?’ Ela estava tão animada que, por um momento, pensei que a gente iria se mudar para a Disney World.
Ela sempre fazia isso, me provocava. Ela era a aventureira e eu sempre fui a ‘chata’, como dizia ela. Eu preferia chamar isso de zelo. Prudência. Falei que iria pensar a respeito, mas não pensei. Achei que já seria demais e que deixaria meus pais loucos comigo.
Bem, Lisa e eu fomos convidadas para uma entrevista por Skype com a proprietária da escola, e quem iria imaginar… Seis semanas depois (três meses depois de começar meu primeiro emprego como clínica geral), recebi um e-mail dizendo que eu havia conseguido o emprego e que eles esperavam que eu começasse na segunda semana de janeiro. Fiquei super, hiper animada. Chocada. Aterrorizada. Tinha apenas dois meses para contar aos meus pais, pedir demissão, comprar roupas para o inverno europeu, fazer as malas… Eu não fazia ideia de como daria a notícia para todo mundo. Meu pai me iria me matar ou morrer de um ataque cardíaco, e, honestamente, eu não conseguia nem pensar o que seria pior. Meu Deus. Meu Deus. Liguei imediatamente para Lisa.
‘Alô.’
‘Lisa? Você recebeu o e-mail? Já contou para os seus pais? O que você disse para eles? Precisamos comprar nossas passagens!’
‘Ah! Oi Carolina. Como você está? Eu também estou bem, obrigada.
‘Lisa!’
‘Sim?’
Aaaffff…
‘Ok, você venceu. Oi, Lisa. É a Carolina. Tudo bem?’
Ela deu uma gargalhada.
‘Ah, menina! Você sempre cai nessa, né? Será que algum dia eu não vou conseguir te pegar?’
‘Sua tonta. E aí?’
‘Yeeeeeeesssss!!!! Carolina, nós duas fomos selecionadas! Estou tão empolgada! Mal posso esperar. Já olhei passagens e tudo. A gente começa logo depois do Ano Novo. A propósito, onde você vai passar o réveillon? Obviamente a gente vai visitar a Clara no Reino Unido, certo?’
‘Sim, podemos visitar Carla, talvez em Londres. E não tenho ideia de onde vou passar a virada do ano. Para ser sincera, nem sei se vou estar viva até lá. Estou apavorada de contar aos meus pais. Alguma ideia? O que você vai dizer aos seus?’
‘Acho que vou simplesmente contar pra eles. Vai demorar um pouco para convencê-los, mas já não moro com eles há algum tempo, então acho que ficará tudo bem. O que você vai falar?’
‘Não tenho a menor ideia, talvez espere o aniversário de 60 anos da minha mãe, não sei. A família vai estar toda reunida e todos vão ficar sabendo ao mesmo tempo. Pelo menos vou ter mais algumas semanas para preparar o meu discurso e ensaiar.’
‘Estarei lá para te apoiar! Seus pais sempre gostaram de mim’, deu risada.
‘Eu não contaria muito com isso depois de contar a eles. Você e eu podemos não sair vivas dessa.’
Ouço a porta da garagem se abrindo. Minha mãe.
‘Lisa, tenho que ir. Minha mãe acabou de entrar. Depois te ligo.’
‘Ok. Boa sorte. Bacione, bella.’
Click.
‘Carolina?’
Desci as escadas para a garagem para ajudar minha mãe com as compras e a beijei na bochecha.
‘Oi mãe! O supermercado estava cheio hoje?’
‘O quê?’, ela me olhou enquanto pegava as sacolas no porta-malas do carro. ‘Que pergunta é essa, Carolina? Estava como sempre, como toda sexta-feira à tarde. Você está bem, filha? Agora, vem, me dê uma mão com as coisas, ok?’
O supermercado estava cheio hoje? Essa foi a primeira e a mais estúpida coisa que pensei em perguntar a ela. Merda. Merda. Ah, não estou nem aí. ESTOU INDO PARA A ITÁLIA!!!
(***)
Você está lendo o meu romance Loveandpizza.it no formato “série”. Ele foi originalmente escrito e publicado em inglês, mas aqui neste site eu o apresento com a tradução de curadoria de Farah Serra. Espero que vocês gostem. E pra você não perder nadinha dessa aventura pela bella città, você pode se cadastrar pra receber um email toda semana quando mais um capítulo for publicado. Além disso, quando você se cadastrar, ganha de presente três marcadores de livros com fotos e frases sobre Nápoles pra imprimir, usar, guardar ou dar de presente. Se cadastre rapidinho clicando na imagem abaixo.
Beijão e inté a semana que vem!
Dani
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