Loveandpizza.it – Um Romance Em Napoli ( Parte 4 )
~ Enfim, pizza! ~
Estávamos famintas, tínhamos lido sobre uma pizzaria em nosso guia, por isso fomos para a Piazza Vanvitelli. A área, chamada Vomero, era muito diferente da que estávamos nos hospedando. Os prédios pareciam novos e os apartamentos aparentavam ser enormes, quase todos com varanda. Eu poderia morar aqui. Quanto será o aluguel?
A pizzaria se chamava Gorizia e foi realmente fácil de encontrar. Sentamos do lado de fora e imediatamente pedimos uma Coca-Cola.
O garçom veio com as bebidas e o cardápio. Eu pedi sem nem olhar.
‘È… due pizze margherita, per favore’, disse com confiança.
‘Prego, signorina.’ E ele levou o cardápio.
‘Mas Carolina, o cardápio…’
‘Lisa, confie em mim. Não precisa ler o menu, principalmente para escolher a nossa primeira pizza em Nápoles. Espere e confie.’
‘Tá bom. Se você diz…’, ela tomou um gole de Coca.
Eu não conseguia parar de olhar para o céu. Eu não conseguia parar de olhar para o céu. Excepcionalmente azul. Nem uma nuvenzinha!
‘Carolina, o que você está pensando?’
‘Hun… nada, sério. Apenas olhando para o céu. Eu nunca vi um céu de um azul tão lindo.’
‘Sim, é verdade. Mas, me fale, Carolina. Como você está se sentindo? Quero dizer, você já se arrependeu de ter vindo aqui? Você está pensando na sua família? No Jean?’
‘Credo, Lisa. Nem mencione esse nome. Ele está morto. M-O-R-T-O. Gostaria de nunca mais ouvir esse nome na minha vida. Lembre-me de nunca visitar a França.’
‘O quê? Qual é… Paris? Cote d’Azur…? Fala sério…’
‘Estou brincando, boba. Apesar disso, ainda sinto vontade de matá-lo. Quando penso nele, do outro lado do país, praticamente morando com aquela mulher, enquanto dizia que me amava, mas que estava muito ocupado para ir me visitar. Aaaahhh’, apertei os punhos de raiva.
Lisa colocou sua mão na minha.
‘Ele foi um idiota. Na verdade, ele é um idiota. Ele sempre será um. Lembro que você queria ir visitá-lo. Sua mãe e seu pai sempre te disseram que você não deveria, que ele que teria que ir até você.”
‘Eu sei. É como se eles soubessem o que estava acontecendo. É o tal sexto sentido dos pais, ou o que quer que seja. E pensar que eles estavam certos me deixa ainda mais irritada. E eu disse a ele que iria visitá-lo. Apesar das longas horas de ônibus, eu ainda queria ir. Todavia, ele nunca me deixou, dizia que estava ocupado demais até mesmo para passar um tempo comigo. Babaca.’
Meus olhos começaram a se encher de lágrimas.
‘Ei, vamos lá. É um novo começo para você. Anime-se. Essa cidade louca e bonita, nossos empregos aqui… Tenho a sensação de que a nossa estadia aqui será a maior aventura da sua vida, Carolina. Agora, esqueça aquele estúpido do Jean, porque nossa pizza está cheg… Que diabo…?’
‘Due pizze margherita’, o garçom riu da nossa cara de espanto.
‘Grazie,’ eu respondi, e olhei pra Lisa, impressionada. ‘Lisa, a pizza é individual? Quero dizer, uma pizza inteira? Meu Deus. Vamos voltar para casa rolando…’
‘Carolina, eu não posso falar agora. Eu preciso me concentrar. Esta pizza está linda. Olhe para todo esse queijo.’
Nunca fui de comer muito, além do chocolate, é claro. Sempre que me sirvo, coloco pouca comida em meu prato. Se conseguisse comer aquela pizza inteira, eu mereceria um prêmio.
‘Lisa, você reparou que a maioria das pessoas está comendo a pizza com as mãos? Gostaria de saber se é tradição.’
‘Não sei. Eu não posso nem tentar, porque meu garfo e faca estão colados em minhas mãos… Essa pizza é divina. A melhor de todos os tempos.’
‘Eu te disse’, pisquei, cortando outra fatia e dando uma enorme mordida.
Depois de nos empanturrarmos de pizza, uma fatia de tiramisu e um café expresso para cada, decidimos telefonar para a nossa chefe.
‘Então, se a gente ligar para ela agora… ainda é cedo, ela deve estar na escola.
Poderíamos ir lá conversar com ela, talvez até obter informações sobre nossos alunos…’
‘Sim, e se Gwen nos der os endereços de nossos alunos agora à tarde, amanhã e sexta podemos ver onde eles moram, assim teremos o final de semana livre para passearmos mais um pouco.’
‘É isso que estou pensando. Nós também precisamos perguntar sobre um lugar para morar, não se esqueça.’
‘Legal. Você tem o número dela?’
‘Sim. Em algum lugar aqui.’
Lisa estava basicamente mergulhando dentro de sua bolsa para encontrar o e-mail que tinha imprimido com o endereço da escola. Eu não podia falar nada. Faria a mesma coisa. Mulheres e suas bolsas…
‘Por que não procuramos um cartão SIM italiano para nossos telefones? Eles têm a Vodafone aqui. Clara tem a Vodafone no País de Gales.’
Encontramos a loja de celular logo na esquina, mas estava fechada para o almoço. Até às quatro da tarde. Outra coisa que aprendemos sobre Nápoles naquele dia. A maioria das lojas fecham para o riposo (ou siesta), geralmente da uma às quatro da tarde. Ficamos um pouco frustradas, sem mencionar aborrecidas, mas decidimos tentar a sorte e ir à escola mesmo assim.
Voltamos ao centro de metrô: Piazza Vanvitelli para Dante, e depois de uma curta caminhada pela Via Toledo, seguindo nosso mapa de ruas, chegamos a uma rua longa e estreita. Olhei o mapa novamente e me dei conta de onde estávamos.